O Livro estava parado em minha estante há pouco mais de um
ano e até então eu não sentia vontade de lê-lo. A sinopse não chamava minha
atenção e ler um livro de 557 páginas que não nos atrai é quase torturante,
certo?
Esperei até que um dia houve um “click” em minha cabeça e
eu quis ler o livro. – E posso dizer
que não me arrependo.
Antes de ler essa resenha esqueça qualquer medo ou
preconceito. Esqueça o número de páginas e principalmente esqueça o nome da
autora. A Hospedeira nada tem
a ver com a saga Twilight (Crepúsculo).
A Terra já não é a mesma. Formas alienígenas chamadas de
“Almas” tomaram o planeta de forma silenciosa. As Almas foram pouco a pouco assumindo
o controle dos corpos humanos, suprimindo as pessoas em suas cabeças, até que
deixassem de existir. Utilizando as memórias dos antigos donos dos corpos, as
primeiras Almas fingiam que nada havia acontecido, agindo naturalmente como se
fossem humanos. Apesar de quase imperceptível a mudança foi notada e alguns
rebeldes conseguiram escapar.
Melanie Stryder era uma dessas pessoas. Sobreviveu
escondida por um bom tempo até que sai à procura de outros humanos e é
capturada, deixando outras duas pessoas para trás. Mas sua captura não quer
dizer o fim. Melanie não vai desistir.
Peregrina é diferente das outras Almas. Peregrina já esteve
em quase todos os planetas habitados e conhecidos pelas Almas, mas nunca se
encaixou em nenhum deles. Sempre havia algo “fora do lugar”. Mas nenhum desses
planetas era como a Terra e certamente nenhum de seus hospedeiros foi como
Melanie.
Melanie se recusa a deixar seu corpo. Isso significaria que
tudo pelo o que lutou teria sido em vão. E se ela partir, a intrusa em seu
corpo ficaria com todas suas memórias e assim as pessoas que ela tanto ama
estariam em perigo.
O corpo era de Peregrina agora. Porque a humana se recusava
em partir? Isso não é algo comum, nunca aconteceu com ela antes. Após algum
tempo Melanie passa de uma presença irritante para algo constante. Ela começa a
se comunicar com Peregrina e a Alma não entende a raiva de Melanie. As Almas,
criaturas essencialmente boas, fizeram da Terra um lugar melhor. Não há mais
guerras, não há mais fome ou doenças.
Por que tanto ódio? E porque Melanie tenta proteger com todas suas
forças criaturas tão cruéis como os humanos?
Mas os sentimentos de Melanie são fortes demais e algumas
coisas ela não consegue esconder. A avalanche de emoções chega até Peregrina e
a Alma começa a entender que os humanos não são feitos somente de raiva e ódio.
Peregrina percebe – e sente - o amor incondicional da humana. Tais sentimentos
avassaladores tornam-se seus também e apesar de ser incrivelmente difícil ter
duas pessoas em um só corpo, as duas acabam criando um laço de amizade e vão em
busca das pessoas presentes em seus sonhos.
A jornada não será fácil. É preciso encontrar localizações
e despistar Almas que a tentam impedir. Além disso, se elas encontrarão os
humanos e a forma como irão reagir é um mistério.
Sim, “A Hospedeira” me
surpreendeu. Talvez fosse impossível eu me decepcionar, pois minhas
expectativas eram extremamente baixas... (Uma daquelas situações em que as sinopses
na parte de trás da capa não fazem jus ao livro.)
Confesso que mesmo
escrevendo uma sinopse essa história de “aliens tomando controle de corpos” não
me parece muito atraente, mas esse acaba não sendo o elemento principal.
Duas pessoas em um só
corpo é algo certamente diferente e a divergência de pensamentos entre Melanie
e Peregrina com certeza é interessante e chama a atenção, e o costumes das
Almas são intrigantes, mas o ponto alto do livro são os personagens. São muitos
personagens diferentes e cada um deles tem suas qualidades e jeito de ser extremamente
cativantes (assim como tem aqueles que sinceramente desejamos que morressem). A cada capítulo eu prendia a respiração e
dizia “Ah, não!” esperando algo ruim acontecer. É quase impossível não torcer
pelos personagens, desejando que tudo dê certo com eles e vibrando quando as
coisas vão do jeito que queremos.
Não vou afirmar que A
Hospedeira foi o melhor livro que já li, no entanto ainda assim foi bom. Talvez
nem tanto pela história em si, mas pelos personagens (♥),
que como vocês podem ver, acabaram me conquistando.
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